sexta-feira, 10 de maio de 2013

Acupuntura em árvores

Ele faz acupuntura em árvores

Doutor pela World Federation of Chinese Medicine Societies, Alexandre Chut aplica a técnica chinesa nos galhos de plantas doentes

PERSONAGEM, VIDA URBANA - POR ALINE RIBEIRO - 10/05/2013


O interesse do paulistano Alexandre Chut pelas árvores começou num kibutz em Israel. Na época com 18 anos, ele trabalhava numa plantação de algodão quando se deu conta de que, debaixo da terra de onde o verde não parava de brotar, havia um solo desértico. Encantou-se com a ideia de que as plantas nascem – e vingam – até em locais pouco férteis. E se empenhou em distribuir sementes para engrossar os bosques das cidades.

De lá para cá, segundo cálculos próprios, Chut plantou mais de 2,2 milhões de árvores em centenas de cidades de 16 países. Boa parte delas em São Paulo. Ele preserva ainda duas florestas particulares na Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais. Pelo histórico verde, Chut recebeu no ano passado o Prêmio Cidadão Sustentável do portal Catraca Livre e da Rede Nossa São Paulo. Derrotou 800 concorrentes indicados pelos paulistanos.

Doutor em acupuntura pela World Federation of Chinese Medicine Societies, Chut estendeu suas habilidades profissionais às árvores. Usa a técnica terapêutica chinesa para cuidar de plantas doentes como se fossem pacientes humanos. As agulhas (ou pregos) são colocadas na junção dos troncos com os galhos. Ele diz conseguir resultados com rapidez. “Os vegetais que recebem a acupuntura apresentam crescimento mais acentuado, folhas mais robustas e raízes mais ramificadas”, afirma.


Você se lembra de quando plantou sua primeira árvore?
Ainda pequeno, com quase sete anos, plantei minhas primeiras árvores na praça do lado de casa, no Morumbi. Já adulto, quando comecei um movimento de arborização das cidades brasileiras, plantei na Av. Bandeirantes, perto do Aeroporto de Congonhas. Gostei tanto que comecei a chamar vizinhos e amigos para plantarem comigo.

Recentemente você espalhou cerejeiras por São Paulo. Por que cerejeiras?
Eu era coordenador de arborização e educação ambiental de uma determinada área da cidade. Fui procurado por um grupo de japoneses que queria plantar essa espécie. Decidi então criar um programa maior que contemplasse todo o distrito da Liberdade (incluindo os bairros da Liberdade, Glicério, Aclimação…). Junto com as comunidades japonesa, coreana e chinesa, plantei mais de 1.800 árvores nativas. Com o tempo, recebemos mais doações e criamos a “Sakura Dori”, ou Rua das Cerejeiras. Há mudas nas ruas Fagundes, São Joaquim, Galvão Bueno… Neste fim de inverno, as árvores mostrarão suas flores à cidade.

Pretende plantar mais?
Sim. Este ano vou fazer outra rua de cerejeiras. O objetivo é criar novos pontos turísticos em São Paulo.

Como começou a fazer acupuntura em árvores?
Comecei pelas árvores da felicidade do meu consultório. A resposta das plantas foi nítida. Elas ficaram com vigor e com mais brilho nas folhas. Você percebe a disfunção num vegetal quando ele não cresce e não frutifica. Ou ainda quando não consegue desenvolver sua folhagem.

Como funciona o método?
A técnica terapêutica tem como base o princípio de que a vida é regida por duas forças: Yin e Yang. Os distúrbios dos seres vivos são resultados de um desequilíbrio entre essas forças. Para corrigi-las, usamos agulhas. Elas devem ficar por alguns meses nos pontos certos: as bifurcações dos galhos.

Você usa outro instrumento além de agulha?
Costumava usar pregos, mas tem uma lei em São Paulo que não permite mais.

Como é possível medir a evolução das plantas?
É simples. Uma planta doente tem problemas de crescimento de galhos, por exemplo. Quando você aplica a agulha, eles voltam crescer. E dão flores. As madeireiras do Norte do país costumam aplicar acupuntura para melhorar o desempenho da planta.

Como você descobriu que é possível adaptar a técnica para plantas?
Em 1976, li num artigo de um médico acupunturista, o Evaldo Leite, sobre a aplicação da técnica em qualquer ser vivo. Ele também falava sobre as bases de equilíbrio entre o Yin e o Yang. Em 1987, assisti a uma palestra sobre o tema.

Alguma vez deu errado?
Desconheço.


AAcupuntor Alexandre Chut usa agulhas para recuperar árvores doentes

Fonte: Época São Paulo

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